17 de jun. de 2012

Substitute

The Who - Substitute


    
 O relógio desperta me espantando o sono e algo mais, acendo a luz e esfrego os olhos tirando os restos de sonhos sob as palpebras. Ligo a secretária eletrônica enquanto adoço o café, sei que não terá mensagem alguma, talvez algum amigo próximo mandando "olá" de longe, mas após alguns bites...... atende, por favor, não poderei ir hoje, acordei de espinhela caida, me responde por favor...ai, espero que você não tenha saido ainda. Quando escuto sua mensangem vejo que horas são, estou em cima da hora, espero que você ainda esteja ai, pego o telefone mas você não está mais na linha.
Tento retornar a ligação, mas é inutil, você não está mais lá. E mil idéias me vêm a cabeça, devo ir ou não, e se eu for e não te encontrar, e se por causa da sua mensagem eu não ir e você por não ter conseguido respostas minhas aparecer só para não ficar chato, e se eu for na esperança de como não te dei respostas pensasse que você iria pensando que eu iria por não ter ouvido sua ligação. São tantos ses, que desses ses eu fico pensando sem saber o que fazer.
         Termino meu café e vou tomar um banho, durante o banho o telefone toca, talvez seja você, saio correndo molhado e quase caio escorregando no corredor, mas quando vou atender o telefone para. Volto pro banho irritado, se soubesse nem teria saido a mil como sai, e quando estou com o rosto cheio de sabão o telefone recomeça a tocar. Foda-se, deixa essa porra tocar, se for importante liga denovo e continuo no banho. O telefone para de tocar, saio do banho e vou me trocar, quem será que era, será que era minha galega,não, se fosse ligaria de novo, nem que fosse pra me xingar. Vou me trocar e vejo que já passei da hora e desisto de ir ao encontro dela,mas e se era ela.
          Se eu tivesse saido do banho pra atender, mas talvez fosse mais uma daquelas operadoras de telemarketing ou algum pacote de promoção que eu não compraria e tentaria despachar a atendente de maneira simpatica mesmo estando puto, sempre me lembro de como era ruim trabalhar nessa área.
          Termino de me trocar e resolvo fazer algo pra comer, ia almoçar com minha galega, ela iria atrás daquela camiseta de rock star que ela tanto queria, andariamos por horas, passariamos por várias lojas e ela acharia uma camiseta a cara dela com o rosto do seu rockstar favorito, eu acharia a camiseta feia, aquela camisetas muito escuras me lembram aqueles loucos vomitados de vinho na passeata do Raul, mas ela gostaria, só que mesmo assim andariamos mais uma duas horas e veriamos mais centenas de camisetas e no final, ela acabaria levando essa mesma, a camiseta a ganhou desde o principio, mas saimos na esperança de achar alguma melhor, Vamos pequena, deve ter outros modelos, mas naquela hora já sabia que após mil voltas você acabaria voltando naquela loja e levando aquela que vimos primeiro.
          De lá passariamos na loja de brinquedos, você parece inpaciente, como se quisesse vestir sua camiseta como uma criança com seu novo brinquedo e seu intusiamos é tão grande que tento demorar o mínimo possivel na lojs de brinquedos, é que aquele bonequinho do Chucky sempre me deixa animado, imagina se ele tivesse um sensor de movimento e cada vez que alguém passasse por ele, ele se mechesse, até pareceria de verdade, comento isso com o vendendor da loja e ele ri dizendo: nossas, as crianças iam se cagar de medo. Eu rio, mas penso: as crinças hoje em dia nem saberiam quem foi o Chucky. Saio da loja e você está ipnotizada por um live action do elvis, um bonequinho de cera, perfeita releitura daquele filme do Elvis curtindo todas no havai.
          E enquanto você cai de amores pelo boneco do Elvis eu ficaria encantado com uma versão deluxo do Tony montana de camiseta haviana, havanaclub de frente ao seu cadilac branco de bancos de estampa de tigre. E de repente você me tiraria do meu transe perguntando, Quem é esse, Como quem é esse, é o Tony montana, Antonio Montana eu faria com uma tentativa de sotaque caribenho. Você me fisgaria com um sorriso lindo, que eu entenderia que não é pra mim, mas pra sua nova descoberta, Quero um boneco daquele Elvis, penso até em te dar, mas desempregado não tenho nem onde cair morto, o que é uma pena, queria tanto ver esse sorriso no seu rosto mais vezes.
           E comento, Olha aquele boneco do Chucky, Ahn... que que tem, Ele é perfeito, Ahn... não gosto muito, Não, mas imagina se ele tivesse algum sensor de movimento e cada vez que alguém passasse por ele, ele levantasse a faca, ia parecer o do filme, será que tem algum assim. Você ri e diz não saber indiferente, seu Elvis é muito mais importante do que meu Chucky com sensor pra assustar as criançinhas.
           Sairiamos da loja e você parece animada, mas algo me incomoda, você está feliz, mas sei que é passageiro e me sinto impotente por saber que não posso te manter entorpecida assim pra sempre, mas nada é pra sempre, mas queria poder te ver feliz assim mais vezes, mas como, se eu mesmo sou incerto, triste e feliz ao mesmo tempo. Sinto vontade de pegar sua mão, mas me sinto infantil, e nessa hora vem aquela música na cabeça.....I've got sunshine on a cloudy day, e ao mesmo tempo me vem aquela música do Beatles, Is there anybody going to listen to my story...All about the girl who came to stay? She´s the kind of girl you want so much ,It makes you sorry ,Still you don´t regret a single day ,Ah girl! girl! girl! Que música essa você me pergunta, e ai vejo que estou pensando alto demais, Ah, sei lá, uma música dos Beatles, me veio na mente agora, penso em te contar daquela lenda urbana onde os pais falavam pros filhos que os brinquedos do fofão vinham com uma faca dentro inspiradas no Chucky, mas você nem gostou do meu Chucky e percebo que você segura o pacote com sua camiseta como se fosse sua nova epifania.
        Quando estamos saindo você diz que precisa ir no banheiro, enquanto você vai no banheiro eu paro numa lanchonete e peço uma cerveja, Posso fumar aqui, Pô grande, infelizmente não, é a lei, é uma porra né, perdi vários clientes por causa disso, mas é assim, infelizmente, Que isso cara, entendo, quanto é a cerveja, Cinco reais, lhe pago, abro minha cerveja e quando dou o primeiro gole você aparece, vestida com a camiseta que acabara de comprar e sua camiseta velha enrolada no braço,Que achou, eu riu, não gosto muito de camiseta de rock pretas, mas o preto combina com você, além de dar um contraste com sua pele de seda.
         Antes de te responder tenho pensamentos maliciosos e riu, Não gostou, você pergunta, Gostei, combina com você, mas seria ridiculo eu falar que nessa hora você poderia estar sem nada que eu te acharia linda.
       Devem ser rosas, me recalco, me sinto um animal retendo meus inpulsos, o que ela pensaria se soubesse que pensei isso, que ridiculo, é como se fosse pecado ter desejo, a carne, o tesão, aquela via crucis do corpo, como aquele livro da Clarisse que ela nunca leu, mas pra ela eu sou tão imoral e não sei, mas sinto, as vezes, que o meu verdadeiro eu é tudo o que ela abomina ou evita, meu eu drogado, bêbado, molherengo e eterno apaixonado pelas mulheres, como estou agora por ela. Sedento por desvenda-la como o maior enigma para um homem, de fazer uma mulher feliz, sem preconceitos, sem pudores e a te-lá, desde que ela me queira, até que nossas almas se completem na completude da carne, assim como o mito de Aristófanes, onde o ser hibrido masculino e femino por intriga dos deuses se transformou no homem e na mulher e após isso, ambos vivem eternamente em busca de sua outra metade.
      Mas eu sou a metade de nada, como você é e seu silêncio. E poderiamos ficar horas sem falar um A, o que pra você diria tudo e pra mim só geraria incertezas, e diversas horas de ses,mas já perdi a hora. Deito novamente na cama, você está com uma calça preta, uma camiseta estampada enquanto eu fumo nas escadarias da estação, algo me cutuca, me viro e é você, Já ia me dar um soco né e ri, Errei a entrada e tive que dar maior volta, faz tempo que está aqui, Não, conhece butô, está tendo uma encenação ali, Não conheço, É um tipo de dança cênica tragica japonesa, Não conheço, Vamos dar uma passada se você gostar a gente vê um pouco, você olha a apresentação com um olhar surpreso, mas percebo que aquilo não te prende.Vamos tomar um café, Vamos, atravessamos a rua eu te falo vagamenta da história da estação da Luz e sua decandencia com a decandencia do café, e sentamos numa padaria qualquer..... Olho para seus olhos e não vejo nada e me perco nesse azul profundo como o mar, no mar também há estrelas, não sei que correntezas há em tua tristeza, não sei o que há em você, mas sei que gosta de Clarisse, é tranquila, só que os olhos, esses olhos, esses olhos inquietos como as ondas que me afogam de ansiedade e me fazem tentar parar de olhar para essa maré, tua profundeza pode não dar pé.

Um comentário:

Keith Moon disse...

Substituindo as feridas.