28 de fev. de 2011

O Elefante.




Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos moveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
e é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
Eis meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê nos bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa as formas naturais.

Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há na cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.

Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.

E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
e as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.

A cola se dissolve
e todo seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanha recomeço.

C.D.A

9 de fev. de 2011

It could be sweet.


I don't want to hurt you
For no reason have I but fear
And I ain't guilty of the crimes you accuse me of
But I'm guilty of fear

I'm sorry to remind
You but I'm scared of what we're creating
This life ain't fair
You don't get something for nothing, turn now
Mmmm gotta try a little harder

It could be sweet
Like a long forgotten dream
And we don't need them to cast the fate we have
Love don't always shine thru

Cos I don't wanna lose
What we had last time your
leaving
This life ain't fair
You don't get something for nothing, turn now
Mmmm gotta try a little harder

It could be sweet.....

But the thoughts we try to deny
Take a toll upon our lives
We struggle on in depths of pride
Tangled up in single minds

Cos I don't wanna lose
What we had last time your
leaving
This life ain't fair
You don't get something for nothing, turn back
Mmmm gotta try a little harder

Cos I don't wanna lose
What we had last time your leaving
This life ain't fair
You don't get something for nothing, turn back
Mmmm gotta try a little harder

It could be sweet

Atriz.

Entre blackouts ela transmuta-se,

os olhos pequenos e rasgados

enegrecem em faces de Julieta

ou embrutecem-se de Al-capone,

perdendo-se as vezes em irreais identidades.

E no rosto sereno e límpido talha expressões indecifráveis,

desnorteando -me, entre sorrisos e sorrisos.

Com os óculos a esconder a essência de tais olhos,

amadurecendo sem perder a simplicidade de quem nada sabe.

E ao acender das luzes torna-se divindade de mil faces,

todas tão belas e misteriosas que depois desaparecem com as luzes.

Afundando na escuridão do tablado de madeira,

derrubando com sutileza suas máscaras

em meio aos aplausos invisíveis,

desmascarada derrama lágrimas de alegria.

E resguarda-se só, com mil mulheres em si

e ao mesmo tempo nenhuma,

na tranqüilidade de seu doce corpo de menina

e simplicidade de flor.

Sedutora e embriagante

que me conquista

com seu beijo de lírio,

branco, doce e alucinante!

Mas com quais bocas?

Eu nem sei!

5 de fev. de 2011

Poema censurado.

Eu vejo os filhos rebeldes da burguesia,

hipócritas com seus discursos humanitários

entre mesas de bares de vaidade e luxuria,

enquanto crianças esfomeadas e sem rosto transcendem

aos pés da cidade de mármore.

Buscando a essência de deus

respirando a loucura em sacos de pão,

e de volta a realidade correm pelas ruas

sempre atrás de um trocado ou qualquer trago,

para novamente conhecerem o mundo real.

Com a inocência roubada, mas sem a malícia

desse delito afugentam-se na solidez da ilusão.

E os intelectuais com suas lunetas de aros grossos

encontram a solução do mundo,

o segredo para a paz universal.

Que no final se aprisiona nas entranhas de livros entre

paredes de um templo de masturbação intelectual.

E os preconceitos com novas máscaras,

mais flexíveis, produtos de nova tecnologia

espalham-se com brutalidade,

mesclando-se aos olhos e bochechas

pacificamente inquietos

de jovens sem identidade ,

herdeiros de uma repreensão incompreensível,

produtos de sub-empregos marginalizados

que são sua única maneira de viver.

Ferramentas de ludibriosa honra de civilidade

e uma enganosa moral de justiça e direitos,

numa sociedade pútrida

e humanamente imoral,

onde a fera modernizada

fragmentou as possibilidades

de igualdade verdadeiras em pó.

Criminalizando nossa essência animal,

de amor e ódio

de sangue,carne e desejo.

...

...

Gerando a solidão que envolve os corações

e

pari a estranha acidez do tédio,

a mais estranha e sutil arma moderna,

que nos fere sem força alguma,

e pesa apenas pela expansão do tempo

que volta a sua essência bruta e serena,

incomoda e pequena

maior que o caramurão!

2 de fev. de 2011

Início.

E de repente a esquecida chama viva do desejo mórbido, ressurge e esculpe uma náusea agonizante da imagem da carne se rasgando ao contato do cotidiano punhal, que ouriça os pêlos por toda a pele flácida e em eterna decomposição que transmuta-se em tecido novo e já à caminho da morte inevitável.

E pelo pouco tempo de vida enrijece-se em defesa do corpo pecador e desejoso pela eternidade do esquecimento. E como defesa expurga lágrimas de redenção para limpar o corpo inquieto e calmo, as mão tremem-se por medo de si próprias e as lembranças de um simulado futuro brotam com força mais natural do que as fagulhas do sol.

E o sêmen mais puro dos olhos acalantam as bochechas eufóricas que tentam fugir dos dentes furiosos que a mordem por dentro como uma chaga, é o colapso total do corpo. Todo ele contra si mesmo.

Que está imóvel e transcendente refletido sobre a faca no chão em meio aos joelhos ossudos e concretos que aos poucos perdem sua rigidez, enquanto o sangue flui, agora sobre a cerâmica milimetricamente deformada e enrijeci-se ao contato com a vitalidade do ar e suas invisíveis partículas de vida. É a fusão estranha e imperdoável da vida perdendo-se nas entranhas do mundo, e o corpo choca-se contra a frígida imagem da morte, que lhe gela membro por membro, como se a friagem do chão dominasse o vida já entregue ao infinito.

E o instante congela-se tornando-se inacabável ao colapso dos olhos que tremem o mundo e gota por gota choram a morte das coisas, as paredes contraem-se e desabam aos poucos numa escuridão tranqüila e silenciosa.

E no peito quase vazio a imensidão cresce-se aos poucos como um verme que alimenta-se da vida e num estranho e frígido coração que converte-se em luz e nada, até que descanse para ver evaporar-se a alma no existente vazio do nada.

Fundindo-se com a essência do ar e transmutando-se em vida morta e rarefeita como se nascesse-se para a natureza deixando apenas o seu antigo casulo sobre o chão que já deixou de existir!

1 de fev. de 2011

Girl From The North Country



Well, if you're travelin' in the north country fair,
Where the winds hit heavy on the borderline,
Remember me to one who lives there.
She once was a true love of mine.
Well, if you go when the snowflakes storm,
When the rivers freeze and summer ends,
Please see if she's wearing a coat so warm,
To keep her from the howlin' winds.
Please see for me if her hair hangs long,
If it rolls and flows all down her breast.
Please see for me if her hair hangs long,
That's the way I remember her best.
I'm a-wonderin' if she remembers me at all.
Many times I've often prayed
In the darkness of my night,
In the brightness of my day.
So if you're travelin' in the north country fair,
Where the winds hit heavy on the borderline,
Remember me to one who lives there.
She once was a true love of mine.