28 de mai. de 2011

Sem título.

Compartilho meu cansaço com um cigarro e um copo de leite e penso como isso soa estranho, coloco o cigarro sobre o cinzeiro e tento escrever algo, mas as palavras me saem tão infiéis, a o que eu não sei, não sei, não lembro mais o que gostaria de expressar jogando as no papel.

Olho para os livros sobre a estante,abro um deles e começo a lê-lo, após algumas páginas o deito na cama e volto ao papel, o deixo lá só com seu universo que não me absorve mais, tenho medo de não o reconstruir até o fim, deixando seja lá o que for por não reproduzir-se, não desvendar o assassinato que ainda nem fiz.

Mas ele continua lá morto entre as cobertas, embalsamando flores imortais a minha espera para vê-las de passagem.

E eu aqui completo de vazio, e um sentimento que se expande com estranha velocidade e infinita massa , mas tentar passá-las a punho para o papel seria tão pobre e incisivo quanto rasgar versos do pulso a sangue, ou falso como arrancar da vida a morte.

E o relógio segue o tempo pregado à parede, continuo a busca da paixão nas palavras, já pondo a paixão sem paixão no papel. Olho para o cigarro quase no fim sobre o cinzeiro e o apago de vez. Sua fumaça esvazia-se por alguns segundos, como se sua alma evacuasse-se.

Pro inferno as palavras e vou me deitar, seguindo o tempo pregado ao relógio, durmo deixando o copo vazio sobre a mesa, na esperança de que minha mãe volte para reclamá-lo e despregar esse doce infinito em mim.

Filho, coloque o copo na pia.

Acordo e o copo não esta mais sobre a mesa, mas não sei se estou acordado.